Textos

doze
doze poemas inacabados
escritos em noites de insônia,
sem métrica, sem finalidade
apenas para fazer com que
minha mente pare de me martelar
no mesmo assunto: você

doze ligações perdidas,
no meio da madrugada
discadas, mas não completadas
já nem sei mais o tom da sua voz.

doze formas de fuga
de uma história quebrada
de uma vontade incerta
fugir parece ser a solução mais fácil

doze cartas escritas,
dentro de seus envelopes de cor celeste,
que jamais encontraram
o selo do correio.

doze reproduções de Brahms,
de Mahler, e de qualquer porcaria clássica
enquanto formo pensamentos avulsos
no meio dessa amargura toda,
e que não me geram nenhuma conclusão

mais doze meses pra conta
que passaram mais rápido
do que o tempo que demorei
pra escrever isso aqui
em um guardanapo manchado

doze encantos,
atrás de seus sorrisos
perdidos em sua timidez
e camuflados em uma personalidade
de um completo ogro ranzinza

doze quilômetros
multiplicados por mais alguns
que me impedem de esmurrar a face
de um  ser humano perversamente amável.

doze goles de uma bebida barata,
para esquecer o que passou
e o que não passou,
e o que jamais passará

doze caminhos,
e nos cruzamos em todos eles
através da poesia
e de qualquer outra arte

doze personagens
para esconder seu ‘eu’ de meus textos
e camuflar essa saudade
que vez ou outra eu sinto.

doze estrofes
e meu bem, se a nossa dose de orgulho
fosse a mesma,
talvez eu te desse
doze beijos



12.06.2013
Anamí
Enviado por Anamí em 15/08/2024


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